Amigo ou namorado?

Amigo ou namorado

Amigo ou namorado?

Amor ou amizade?

Entrevista com a Dra Olga Tessari

Fortes amizades podem se transformar em grandes histórias de amor; admiração, afinidades e companheirismo podem servir de estímulo para a paixão, apontam psicólogos.

De amigo a namorado

Esta transformação pode se transformar em enredo de muitas histórias românticas, que, não raramente, pegam seus protagonistas de surpresa. Isto porque o clima de aproximação, companheirismo e trocas de confidências típicas de uma amizade, em alguns casos, compõem o cenário ideal para o surgimento de um grande amor.

Foi o que aconteceu com a contadora Veridiana Lopes Vella, 25 anos, e o farmacêutico Márcio Roberto Ramos Ceresini, 27 anos. Juntos há quase três anos, eles se conheceram por acaso, em 2000.

Tudo começou em uma sexta-feira à noite, quando ela e duas amigas passeavam em um dos points noturnos da cidade, a avenida Getúlio Vargas. “O Márcio estava com outro amigo e, no semáforo, brincou comigo. Depois deste dia, nos encontramos novamente na Getúlio. Ele desceu e resolveu parar para conversar”, lembra.

As afinidades surgiram rapidamente, quando os dois descobriram que haviam estudado no mesmo colégio. Desde então, Veridiana e Márcio se tornaram amigos. “Não havia segundas intenções. Nós éramos muito amigos, a ponto de eu chegar a apresentar minhas amigas para ele conhecer”, diz. A amizade, cada vez mais sólida, durou três anos.

Um dia, por obra do acaso – ou do destino -, a contadora e o farmacêutico passaram a se olhar de forma especial. “Sempre acreditei na amizade entre homens e mulheres, e sem segundas intenções”, reforça ela. “Uma vez, porém, acordei e percebi que havia algo diferente entre eu e o Márcio. Achei até que estava ficando louca”, brinca.

Márcio também correspondia aos sentimentos de Veridiana, mas os dois só ficaram juntos somente pela primeira vez um mês depois de se descobrirem apaixonados, conta ela. “Demorou uma semana para tocarmos no assunto. Conversávamos quase todos os dias sobre isto. Nossa amizade era muito forte e tínhamos muito medo de estragá-la”, conta ela.

Amigo ou namorado?

Sentimentos de medo e insegurança são comuns em se tratando de amizades que se transformam em amor, aponta a psicóloga e psicoterapeuta paulistana Olga Tessari.

“Quando as pessoas se tornam amigas, podem até se apaixonar, mas evitam o romance porque preferem manter a amizade. Costumam pensar na hipótese do relacionamento não dar certo e cada um seguir para um lado diferente, e acham que mais vale manter a amizade para sempre”, detalha Olga Tessari.

Mas assim como Veridiana e Márcio, ressalta Olga Tessari, existem vários casos em que os amigos acabam se tornando namorados, se casam e vivem felizes.

Experiência semelhante ocorreu com a doméstica Carmem Cardoso, 34 anos, e o auxiliar de serviços gerais Alex Fernandes Antoniansa, 29 anos. Amigos desde a infância, eles são casados há 13 anos e têm dois filhos, Alex e Isabel.

O fato de terem estudado na mesma escola e morado em bairros próximos facilitou e incentivou a aproximação de Carmem e Alex. “Conheci meu marido por meio da prima dele, que já era minha amiga. Logo nos tornamos amigos. Íamos e voltávamos do colégio juntos”, diz.

Ela conta que, apesar de mais novo, Alex era maduro para sua idade.

“Conversávamos muito. Contávamos segredos um para o outro e tínhamos diversas coisas em comum”, revela. Entre elas, o fato de terem namorados que moravam em São Paulo. “O Alex falava dela para mim e vice-versa. E não havia ciúmes”, diz.

O tempo foi passando e os amigos acabaram se apaixonando. “Até hoje não sei direito como foi que nossos sentimentos mudaram. Eu passei a admirá-lo e me encantar cada vez mais”, confessa Carmem.

Afinidades

É difícil explicar os motivos que fazem com que amigos se apaixonem. O carinho e a própria admiração do dia-a-dia podem contribuir muito para relacionamentos duradouros.

Afinidades típicas dos amigos também influenciam, aponta o psicólogo Ailton Amélio, professor doutor na área de relacionamento amoroso da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com ele, um dos fatores que caracteriza o sucesso nas relações afetivas é a similaridade. Neste sentindo, pessoas com personalidades parecidas podem ser mais favorecidos.

Para psicóloga Olga Tessari, a velha máxima de que os “opostos se atraem, mas os iguais se identificam” pode ser um dos fatores estimulantes.

“Quando a pessoa se sente atraída por alguém oposta, pode ser muito interessante. Mas conviver com um indivíduo diferente, geralmente, não dá certo, justamente por conta das diferenças. E os amigos, muitas vezes, costumam ser parecidos”, justifica Olga Tessari.

Desvantagens

Apesar das afinidades, o relacionamento amoroso que é fruto de uma amizade pode trazer algumas desvantagens.

Uma delas fica por conta da própria intimidade e cumplicidade existente entre o casal, destaca a psicóloga e psicoterapeuta paulistana Olga Tessari.

“Se o casal já foi amigo anteriormente, se conhece bem e sabe os limites, isto pode colaborar para o relacionamento dar certo. O ponto negativo é justamente o fato da pessoa conhecer o outro tão bem que, se ao longo do relacionamento quiser ocultar alguma coisa, não conseguirá”, diz Olga.

“Por exemplo, no caso de uma mulher que se abre com o amigo, contando tudo sobre outros amores, se ele se torna namorado, pode ficar um pouco inseguro”, complementa Olga Tessari.

Nestes casos, aconselha a psicóloga, é fundamental ter jogo de cintura para lidar com os possíveis conflitos.

“A pessoa deve reforçar para o outro que os relacionamentos antigos fazem parte do passado e que o importante é o que eles estão vivendo atualmente”, disse ela.

A insegurança não afetou o relacionamento da contadora Veridiana Lopes Vella, 25 anos, e o farmacêutico Márcio Roberto Ramos Ceresini, 27 anos. Embora já tenham sido confidentes, ambos não deixam que isto atrapalhe o namoro atual.

“Eu já chorei minhas mágoas para ele, contava coisas do ex e de meninos que eu tinha conhecido. E ele também contava sobre as paqueras dele”, diz ela.

A contadora revela, porém, que no começo do romance foi difícil se adaptar com a situação do namoro. “Quando passamos a namorar, me deparei com um lado da outra pessoa que não conhecia”, diz.

“Então aceitar a ideia de que o relacionamento mudou, de certa forma, é um pouco difícil. A primeira vez que ele me chamou de ‘amor’ achei esquisito”, revela.

Com o passar do tempo, tudo se normalizou, conta Veridiana.

Ela ressalta que há inúmeras vantagens de se relacionar com o “namorado-amigo”. Uma delas é a confiança, que sempre fez parte da convivência entre ambos e contribui muito para o relacionamento afetivo.

“O Márcio mora em outra cidade e, pelo fato de nos conhecermos bem, tudo é mais fácil. Apesar da distância, ele é uma pessoa presente na minha vida e eu, na vida dele”, pontua.

Matéria publicada no Jornal da Cidade (Bauru) por Cristiane Goto – 03/12/2006

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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais

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