Fofoca

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Fofoca enturma e diverte, mas excessos são prejudiciais à imagem do fofoqueiro

Entrevista com Dra Olga Tessari

Sabe da última?

Quem nunca foi vítima de um diz-que-diz ou até mesmo fez fofoca sobre alguém?

Em qualquer roda de amigos, é natural que surjam algumas fofoquinhas, quase sempre sobre alguém que não está presente.

“O ato de fofocar faz com que a pessoa se sinta parte de um determinado grupo, transmite a sensação de intimidade entre as pessoas”, analisa a psicóloga Adriana Lima.

É próprio de todo ser humano observar o comportamento alheio, seja para aprender, para copiar e basear-se nele para mudar a sua vida. Mais comum ainda é as pessoas se observarem para avaliar os comportamentos, se elas se enquadram no padrão social vigente.

“É com a observação que se percebe o diferente, o bizarro, o excêntrico e o que foge ao padrão. A partir daí é que começam os comentários e a troca de opinião entre as pessoas sobre aquilo que é observado”, diz a psicóloga Olga Tessari. Daí para a fofoca é questão de tempo.

Segundo Olga Tessari, “a fofoca nada mais é do que maldizer uma pessoa, seja porque ela transgride as regras, seja porque ela desperta inveja, seja porque essa pessoa constitui uma ameaça aos padrões impostos socialmente ou mesmo porque existe apenas o desejo de denegrir a imagem dela por puro prazer”.

Não podemos esquecer daquele velho ditado que diz: “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Ou seja, cada pessoa, ao fofocar, acrescenta um detalhe a mais na história e assim abre-se uma porta para aumentar, distorcer ou mudar o fato real.

A necessidade da fofoca, no caso de pessoas que acabam denegrindo a imagem de outras, está ligada, em geral, ao sentimento de inferioridade, inveja ou de baixa autoestima.

“Pessoas com baixa autoestima preocupam-se muito com a vida alheia para não olharem para si mesmas, uma vez que seu conceito sobre si mesmas é ruim”, disse a psicóloga Olga Tessari.

No entanto, há gente que sente prazer em falar da vida alheia apenas por diversão, enquanto alguns se preocupam em saber e relatar as fofocas porque consideram a sua vida monótona, sem graça ou por quererem fugir da sua realidade que pode ser sofrida e difícil e que também é o caso das pessoas com baixa autoestima.

“Quem fala demais da vida alheia não vive a sua própria vida, exceção feita aos profissionais que vivem da fofoca como atividade profissional” explica Olga Tessari.

É o caso do jornalista Nelson Rubens, apresentador do TV Fama na RedeTV. Ele explica que as notícias que repercutem mais e dão mais Ibope são as que “fisgam” o telespectador, as que envolvem uma celebridade em um escândalo, separação, gravidez ou os casos de novos amores.

Entretanto, faz uma ressalva a quem gosta de um diz-que-diz:

“Toda informação deve ser investigada, mesmo que a fonte seja confiável”, conta Nelson Rubens. Caso contrário, uma fofoquinha corriqueira, mesmo sem maldade alguma, pode se transformar em um grande boato.

Uma fofoca pode ser bem-vinda, desde que ela não prejudique a vida de alguém e nem se torne compulsiva.

Devemos lembrar que os fofoqueiros correm riscos se não souberem medir suas palavras, podendo ser processados e sua imagem ficar denegrida, quando a fofoca não for comprovada.

Dependendo do que é dito, a pessoa pode perder a confiança dos outros e ficar marcada por “inventar histórias”: nesse caso, as pessoas se afastam do fofoqueiro.

Portanto, se a coceira da fofoca te pegar, tenha como lição o famoso bordão de Nelson Rubens: “eu aumento, mas não invento”.

Matéria publicada na Revista Sua Escolha por Ana Carolina Contri em março/2009