Pai tem que participar
Pais devem participar mais do cotidiano dos filhos, porque eles necessitam da figura paterna ao longo do seu desenvolvimento.
Entrevista com © Dra Olga Tessari
Pai, eu te amo. Essa afirmação sempre foi muito difícil de ser dita e ouvida. Quando crianças, os pais parecem seres extraterrestres para os filhos, verdadeiros super heróis que fazem tudo, trabalham fora, consertam as coisas, saem para comprar coisas, mantém a ordem na família.
“Quando nascemos, somos como uma tela em branco que vai sendo preenchida aos poucos. A primeira referência de vida são os pais e vemos o mundo através dos olhos deles. Em sendo criança, é natural considerar o pai um herói, por ele ser capaz de fazer tantas coisas diferentes e difíceis: ele acaba se tornando um modelo a ser copiado, o filho deseja ser como ele quando crescer”, afirma a psicóloga e psicoterapeuta Olga Tessari.
Talvez por isso, essa distância quase mítica acaba por afastar os filhos, com medo dos pais. Mesmo que o ame, é complicado proferir tal frase. “Eu nunca disse isso para o meu pai. Acho estranho”, conta o estudante Fernando Matias, de 14 anos. Segundo ele, sua relação com o pai não chega a ser problemática, mas revela alguns atritos: “Ele não me deixa sair muito e me cobra demais às vezes”, reclama.
São situações – principalmente a partir da adolescência do filho – em que o relacionamento não é bom, há brigas, discussões, divergência de opinião, uma mudança nos hábitos e no modo como o antigo bebê, hoje crescido, vê seu antigo herói, atualmente mais um obstáculo que o impede de sair de casa e estar com amigos.
“A mãe costuma ficar mais tempo com os filhos, ao passo que o pai, por conta de seu trabalho, chega mais tarde em casa, cansado, sem muita energia para a mesma convivência e cumplicidade que a da mãe, o que dificulta um pouco a relação com os filhos e vice-versa. Além disso, algumas mães que não conseguem manter a autoridade transferem-na para o pai, transformando-o no cumpridor das ‘leis’, fazendo com que os filhos o vejam como um ‘carrasco’, autoritário! Dessa forma, muitas vezes os filhos acabam tendo receio de se aproximar e manter uma interação maior por medo da crítica, do castigo, por considerar o pai chato”, explica Olga Tessari.
Só quando adulto – e muitas vezes viramos pais – é que começamos a perceber melhor as coisas e a ver nossos pais não como heróis ou chatos, mas como pessoas queridas que procuraram fazer o melhor pra gente e ajudaram na medida do possível para que fôssemos o melhor possível.
Participação
Por conta disso, Olga Tessari aponta ser fundamental que o pai participe no desenvolvimento do filho. “Foi-se o tempo em que cuidar do filho era atribuição exclusiva da mãe: hoje em dia, por conta dela trabalhar fora, ele precisa participar ativamente. Para o filho, essa participação do pai é fundamental! Ao pai não cabe apenas o papel de fazer cumprir as regras, de fazer prevalecer o que é o ‘certo’: a ele cabe também o papel de mostrar ao filho o mundo como ele é, sem ‘panos quentes’, tal como a mãe costuma fazer”, diz.
A aproximação, nesse caso, torna-se vital: “Ele pode jogar com o filho, sugerir para ele ajudá-lo em alguma atividade ou mesmo sair sozinho com o filho para compras, lavar o carro, levar o cachorro para passear. É importante que o pai sempre disponha de um tempo, mesmo que pequeno, para poder interagir com o filho e que este tempo seja constante, todos os dias, ou na maioria deles, pelo menos. Outro fator que aproxima os dois é o pai sempre cumprir com o prometido”, enumera.
Reconhecimento
Nossos pais precisam estar em contato o tempo todo, para romper as barreiras do preconceito e da distância, trazendo os heróis para conviver com os pobres mortais, seus filhos.
Algo que procura essa valorização da relação entre pais e filhos é um pedido de um tempo atrás do padre Marcelo Rossi, denotando a importância para ambos de demonstrar o amor. “Cultivem o amor, digam ‘eu te amo’, ‘como você é importante pra mim’. Como é importante isso, esse relacionamento. Pai com filha é mais comum falar isso, mas o filho também precisa ouvir. Ele não deixará de ser homem por isso, será muito mais e terá mais ‘orgulho’ de você”.
Nada mais purificador do que o reconhecimento ao lado que costuma ser menos observado de quem o concebeu (afinal, as mães, até pela maior proximidade, costumam ser mais valorizadas). Por isso, obrigado a todos os pais neste dia tão especial de homenagem e reverência ao nosso grande herói.
Matéria publicada no site do Padre Marcelo por Rodrigo Herrero em agosto/2007
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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais