Honestidade

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A força da honestidade

Entrevista com Olga Tessari

Honestidade: é possível ?

Morador de rua que encontrou R$ 20 mil e devolveu o dinheiro diz ter aprendido, ainda criança, que não se deve mexer no que pertence a outras pessoas.

Um pequeno gesto transformou a rotina de dois moradores de rua do Tatuapé, na zona leste de São Paulo, no início do mês.

Rejaniel Santos e a esposa, Sandra Regina Domingues, dormiam sob um viaduto quando foram acordados pelo barulho de um alarme. Foram ver o que havia acontecido e, no caminho, encontraram uma sacola com cerca de R$ 20 mil.

A quantia, que havia sido furtada por bandidos que invadiram o restaurante japonês Hokkai Sushi, a poucos metros do local, seria suficiente para mudar a vida dos dois, mas eles entregaram todo o dinheiro à polícia e, em menos de 24 horas, receberam proposta de emprego e um lugar para dormir.

Em entrevista ao programa Hoje em Dia, da “Record”, Santos, de 36 anos, disse que não pensou duas vezes para devolver o dinheiro:

“Um homem tem de andar com a cabeça erguida. A honestidade não se compra, se conquista”, disse Santos.

Ele contou que aprendeu a lição com a mãe, quando ainda era criança. “Ela me dizia para não mexer no que fosse dos outros.”

O rapaz deixou o interior do Maranhão há 16 anos para procurar emprego e acabou se tornando catador de lixo nas ruas de São Paulo. Com a reciclagem do material coletado, ele ganha, em média, R$ 100 por mês.

Para a psicóloga e consultora comportamental Olga Tessari, a atitude de Santos está ligada aos ensinamentos que ele adquiriu com a família.

“Ele respeita e segue os valores familiares”, analisa, lembrando que a decisão de devolver o dinheiro encontrado é um exemplo para outras pessoas.

“Em um país conhecido pela corrupção e pelo jeitinho brasileiro, a atitude dele chama a atenção. A sociedade caminha de forma positiva quando os indivíduos respeitam o que é do outro”, completa Olga Tessari.

Em agradecimento à atitude, os donos do restaurante furtado ofereceram emprego e moradia ao casal. O sócio do estabelecimento Daniel Uemura disse, em entrevista ao programa São Paulo no Ar, da “Record”, que pretende usar o caso como inspiração.

“A honestidade é uma coisa que não tem preço. A gente quer dar apoio e usar o exemplo deles como um fator multiplicador para todos os funcionários, enfim, para o Brasil inteiro, de que as pessoas precisam ser assim”, disse Daniel.

Santos já fez o cadastro de emprego e ganhou uniforme, além de ter visitado o restaurante e o frigorífico da empresa. Enquanto recebe treinamento, ele a esposa vão dormir em um hotel. O cargo na empresa será definido de acordo com as habilidades dele.

O psicoterapeuta e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Geraldo Possendoro explica que pesquisas sobre comportamento indicam que os valores dos seres humanos são estruturados de acordo com os modelos ensinados pelas pessoas mais significativas em suas vidas.

Essas lições podem ser transmitidas pelos pais e irmãos, mas ainda por um grande amigo ou um professor.

“Para Rejaniel, a honestidade tem a mesma força do amor que ele tem pela mãe. A recompensa dele é receber a admiração da mãe, essa relação de amor entre os dois mostra que a educação dele, neste aspecto, foi 100% atingida”, destaca Geraldo.

E a decisão dos donos do restaurante, que ajudaram o casal?

Para Possendoro, quando alguém toma uma atitude fraterna como a do morador de rua, a tendência é que esse sentimento acabe contagiando outras pessoas: “Fraternidade gera fraternidade”.

Consciência tranquila

A gari Vânia dos Santos é outro exemplo de honestidade. Ela encontrou um cheque de cerca de R$ 35 mil em uma rua de um bairro nobre de Salvador, na Bahia, e depositou na conta do destinatário. O valor era quase 70 vezes maior que o salário dela.

“A solução estava em Deus”, disse Vânia em entrevista ao Fala Brasil, em março de 2010. A família apoiou o ato da gari, mesmo sabendo que o dinheiro poderia ter sido usado para reformar a casa.

“Não vale a pena porque Deus iria cobrar depois, e o nosso coração ia nos acusar. Ela fez o que foi correto, estou feliz por isso”, afirmou o marido, Lecinaldo Borges. O dono da quantia mandou uma recompensa de R$ 50.

Outro caso que chamou a atenção foi o do gari Carlos Corgozinho, morador de Divinópolis (MG). Em 2009, ao tentar sacar R$ 2 de um caixa eletrônico, a máquina liberou mais de R$ 5 mil. Ele foi até o banco, que não tinha dado falta do saque incomum, e devolveu o dinheiro.

Em fevereiro deste ano, um funcionário da limpeza do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), achou uma bolsa com R$ 24 mil e devolveu tudo ao proprietário.

Davi Junior dos Santos Pereira, de 20 anos, arrumava os carrinhos do aeroporto quando viu a bolsa no chão. Antônio Mallmann, dono do dinheiro, usaria o montante para pagar uma dívida. Davi ganhou uma recompensa e uma viagem para o litoral de Santa Catarina.

Matéria publicada na Folha Universal em 22/07/2012

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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais

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