Mães e avós: evitando conflitos

Mães e avós: evitando conflitos

Mães e avós: evitando conflitos

Saiba como administrar melhor a convivência entre mães que são avós e filhas que são mães para ter uma relação de muito amor

Entrevista com © Dra Olga Tessari

Conciliar (e bem) os papéis de mãe, esposa e profissional é uma necessidade na vida da maioria das mulheres nos dias de hoje. E para dar conta de tantas funções, precisam de ajuda. Principalmente quando o assunto é cuidar dos filhos. Algumas têm a sorte de contar com a presença de uma avó dedicada e disposta.

No entanto, essa convivência tão próxima pode dar margem a brigas, discordâncias e discussões.

Hoje é Dia das Mães e nada melhor do que falar sobre mães que são avós e filhas que são mães. E como essa relação, que inclui netos, pode transcorrer numa boa, apesar das diferenças de opiniões e gerações.

Para a psicóloga Daniella F. de Faria, de São Paulo, se houver um combinado, os eventuais ruídos podem ser bem menores. “Se a ajuda é necessária, é importante estabelecer qual o papel que essa avó exercerá. Quando isso fica claro, é possível vê-la atendendo ao pedido dos pais e também livre para ser avó em outros momentos”.

A psicóloga e escritora Olga Tessari, também da Capital, afirma que a função da avó é mimar, fazer as vontades do neto e não educar, impor limites ou dar disciplina. “Quem tem que educar é pai e mãe. Penso que as crianças devem ficar, no máximo, uma ou duas vezes por semana com a avó”.

No entanto, nem sempre isso é possível.

A dona de casa Ana Maria de Souza ajudou na criação dos netos, Felipe e Gabriel, hoje com 10 e 15 anos.

“Vou buscar na escola, levar às atividades extras, participo de eventos. Mas tento respeitar as decisões da minha filha”. Ela confessa que nem sempre concorda, mas procura entender que as coisas mudaram.

“Eu nunca trabalhei fora, tive quatro filhos e também precisei da minha mãe. Sei que a rotina da Paula é uma loucura e a vida mudou muito, então, procuro aceitar certas coisas”.

Ana Maria conta que a idade dos meninos, atualmente, deixa essa função mais tranquila. “Eles já estão educados, receberam uma boa base da minha filha e do meu genro. Sei que meu papel foi importante e eu sou louca por eles, mas sou avó, e não mãe”.

A filha, Paula, que é médica, afirma que não teria conseguido administrar sua rotina sem a ajuda da mãe.

“Faço questão de agradecer, de entender, só que, às vezes, ela quer interferir nas decisões mesmo. E acho até normal, porque passa bastante tempo com os meninos. Claro que já discutimos por discordarmos de algumas coisas, mas nada muito sério. Tanto que continuo contando com o apoio dela”.

Conflitos fazem parte – Mães e avós evitando conflitos

Daniella Freixo fala que, normalmente, os conflitos de opiniões aparecem naturalmente, assim como as concordâncias. “Uma parceria como essa requer maturidade, conversa e a certeza de que este caminho sempre será via amor e a real vontade de ajudar”.

Porém, por mais que isso exista, a psicóloga lembra que certos limites não devem ser ultrapassados. Tanto por filhos quanto pelos avós. “É muito ruim quando mãe e filha discutem sobre a educação da criança em sua presença ou uma corrige a outra. O respeito entre as pessoas do círculo de confiança dessa criança deve ser mantido, por mais que elas discordem”.

Psicóloga de Santos, Valéria Christina de Souza Santos fala que as mães devem ensinar os filhos a valorizar os mais velhos. E começar pelos avós é uma ótima alternativa. “Se houver esse respeito, tudo correrá tranquilamente”.

Queridinha da casa

Célia Ribeiro da Cruz passa bastante tempo com a neta Giulia, de 7 anos. “Minha filha a deixa na minha casa cedo e pega à noite, quando chega do trabalho. Eu dou almoço, brinco, levo à escola, ajudo com a lição… Amo minha neta e não imagino ficar sem. Ela já faz parte da rotina aqui de casa, da minha e do meu marido.

Assim, Tânia (a filha) pode trabalhar em paz, porque sabe que ela está bem cuidada”. Tânia Cruz concorda. “Nem cogitei deixar em berçário ou com babá. Minha mãe se prontificou e eu aceitei na hora. Sei que a Giulia está ao lado de pessoas que a amam, acima de tudo”. Mesmo assim, de vez em quando, surgem alguns “probleminhas”.

“Eu sou bem calma, minha mãe já é mais apavorada. Qualquer febrinha, tosse, espirro, ela já me liga preocupada, querendo dar remédio… Sempre digo para esperar um pouco, que vou falar com a pediatra e aí dou uma solução”.

“Eu fico nervosa mesmo, tenho medo de que aconteça alguma coisa. Por isso, falo tudo para minha filha. A Tânia é tranquila, isso é verdade. Mas criei duas filhas sem ajuda de ninguém, então, talvez por isso fique mais apavorada”, confessa Célia.

Daniella entende que essa preocupação, muitas vezes excessiva por parte dos avós, é normal. “Em tese, eles não têm que educar, mas acabam participando do processo de um jeito ou de outro. Afinal, são referências importantes”.

Por isso, Olga Tessari acredita que avós devam ser, sempre, avós. “A criança reina absoluta e não é dever delas se preocupar com esse tipo de coisa”.

Diferença de gerações

Daniella relata que, em determinadas situações, as diferenças vão aparecer por um detalhe que não pode ser, de jeito nenhum, ignorado: conflito de gerações.

“É preciso resolver com conversa, não tem jeito. Mães e avós devem entender que todos querem o melhor para a criança. Mas, por conta dessa disparidade de idade, alguns ajustes precisam ser feitos”. “No meu tempo”, “na minha época”, “quando você era criança” são frases comumente empregadas pelas avós quando não concordam com algo.

“Os tempos mudaram e muitos conceitos também. Coisas que eram impensáveis há 30 anos, hoje, são normais e as avós que cuidam dos netos precisam acompanhar essa evolução”, frisa a psicóloga Olga Tessari.

Uma situação comum é quando as mães se esquecem que as avós estão, embora com todo o coração, fazendo um favor, e passam a dar ordens.

“É preciso falar com jeito para que não se sinta melindrada. A mãe da criança deve tentar expor sua opinião, sua vontade, apontando o erro com muito cuidado. Por isso acho importante dar essa responsabilidade para uma pessoa que não seja a avó: assim é possível cobrar sem medo”, diz Olga Tessari.

O ideal, na opinião de Daniella, é compartilhar as responsabilidades e não sair mandando ou culpando o outro. “A partir do momento que você pediu para sua mãe cuidar de seu filho é porque confia. Então, tem que confiar e pronto”.

Impor limites

E se a mãe achar que a avó está interferindo demais na educação e na criação do filho?

Para Daniella, se desde o começo os papéis forem bem estabelecidos, isso dificilmente acontecerá. “Essa tarefa, de educar e cuidar na ausência dos pais, deve, antes de mais nada, estar muito clara para todos. Assim, crianças e pais aprendem a lidar com duas estâncias, a dos avós educadores e avós livres para simplesmente agradarem aos netos e brincar”.

Olga Tessari, psicóloga, é categórica: “Coloque na escola, contrate uma babá. Pense na frente, no bem-estar do seu filho, que pode crescer mimado e sem limites. A avó já exerceu seu papel de cuidadora, quando criou o filho. Agora, está em outra fase e precisa vivenciar isso”.

Para Daniella, antes de diminuir o convívio é mais prudente e interessante uma busca pela retomada das expectativas e funções dos pais e avós. “Afinal, avós que topam participar da vida dos netos auxiliando em seu cotidiano estão doando energia e amor”.

Olga Tessari ressalta que esse convívio, de forma moderada, só traz coisas boas. Crianças que crescem com avós por perto respeitam os mais velhos, entendem limitações da idade e passam a ter noção de hierarquia”, garante.

Mesmo quando os netos ficam com sogras, esse vínculo é muito positivo. Tatiana Baraçal Longobardi confia totalmente na sua sogra, Kátia Paes de Almeida Longobardi, para cuidar da pequena Maithê, de 3 anos.

“Quando viajo sempre deixo minha filha com ela. Tenho confiança, pois ela criou quatro filhos”. Se por um acaso Kátia faz algo que Tatiana não concorda, não há dramas. “Digo numa boa e ela aceita. Faço questão que Maithê tenha contato com a avó”.

Olga Tessari acredita ser muito importante essa integração. “A criança conhece outros hábitos. Mesmo se a avó tiver costumes diferentes, isso só acrescenta, pois ela aprende a conviver com a diversidade”.

Resultado positivo

Valéria também vê benefícios emocionais na relação avó/neto. “Trata-se de um elo afetivo único e muito importante para todo mundo”. Primeiro para a mãe, que vê seu filho sendo bem cuidado, amado e sente-se segura. E também para a avó, que percebe o resultado dos seus ensinamentos passados para a filha.

“Afinal, muito do que ela transmite para o filho no presente, aprendeu com a mãe. E nada pode ser mais gratificante para uma mãe do que enxergar que a filha, mesmo com suas características pessoais, está fazendo um ótimo trabalho ao educar uma criança”.

“Crianças que crescem com avós por perto respeitam os mais velhos, entendem limitações da idade e passam a ter noção de hierarquia”, disse Olga Tessari, psicóloga.

Matéria publicada no Jornal A Tribuna de Santos – Edição 336 por Thaís Lyra em 8/5/2011

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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais

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