Pedofilia: o que é?

Pedofilia: o que é?

Pedofilia: o que é?

É um mal que assola a nossa sociedade e ocorre em todas as classes sociais, raças e níveis educacionais.

Entrevista com Olga Tessari

Pedofilia: o que é?

O pedófilo não se importa com sua vítima. O que vale é consumar seus desejos mais estranhos. A Pedofilia é um transtorno sexual do ser humano, em geral dos homens que sentem atração por crianças pré-púberes e por pré-adolescentes, abaixo de 14 anos, causando-lhes sofrimento e humilhação sem o seu consentimento.

A pedofilia agride as regras da sociedade

O pedófilo não se importa com sua vítima. O que vale é consumar seus desejos mais estranhos.

A pedofilia é um mal que assola a nossa sociedade há tempos e ocorre em todas as classes sociais, raças e níveis educacionais. Um transtorno sexual do ser humano, em geral dos homens que sentem atração por crianças pré-púberes e por pré-adolescentes, abaixo de 14 anos, causando-lhes sofrimento e humilhação sem o seu consentimento.

Clinicamente, a pessoa pode ser considerada como pedófila apenas pela presença de fantasias ou desejos sexuais, mas com a diferença de ir em busca de satisfazer esses desejos. Seja pelo contato físico, como forçar relações sexuais, na qual usa de violência física ou faz ameaças verbais, ou sem o contato físico, que consiste em ficar de longe apreciando crianças e jovens nuas, etc.

Em geral, a pedofilia ocorre em casa com familiares ou pessoas próximas, como tios, primos, amigos, etc. Porém, dos casos tratados em consultórios ou clínicas médicas, quem mais abusa é o próprio pai ou o padrasto.

Relatos

“Sofri desse mal quando eu tinha 6 anos. Meu pai era aposentado na época e minha mãe trabalhava em dois empregos, por isso ficava só em casa com ele. Graças a Deus ele não abusou sexualmente de mim. Mas me forçava a tirar a roupa, a fazer poses sensuais para ele se masturbar. Com o tempo, começou a fazer sexo oral em mim e me ameaçava a fazer nele também”, relata Amanda Ramos de Oliveira (nome fictício), 25 anos.

Muitas vezes o problema está nos pais que não acreditam no que a criança diz. Isso gera danos emocionais altíssimos, além de uma série de traumas.

“As vizinhas suspeitavam do que estava acontecendo e avisaram minha mãe, que considerou tudo como intriga. Minhas amigas não iam mais em casa brincar comigo. Sentia-me muito solitária. A escola, nossa, era o meu refúgio”, conta Amanda e continua:

“Resolvi contar para minha mãe que não acreditou em mim. Cresci com esse sentimento de culpa e como qualquer adolescente normal, não me masturbava porque vinham sempre as cenas na minha cabeça. Lembro-me que terminei o meu primeiro namoro porque não aguentava a sensação do meu namorado passando a mão em mim. Hoje, tem horas que ainda travo, mas o maior trauma foi deixado pela minha mãe”, finaliza Amanda.

Casos assim são frequentes no cotidiano e nem sempre as pessoas percebem ou fingem não perceber. É raro encontrar mulheres que pratiquem a pedofilia, mas elas existem, só que são mais difíceis de detectar.

Foi o caso de Marcelo dos Santos Filho (nome fictício), 32 anos.

“A empregada me despia e fazia sexo oral em mim, aos 8 anos. Não contei a ninguém porque era bom. Só mais tarde percebi o mal que isso ocasionou. Namorei várias mulheres e pratiquei sexo com elas, mas na hora H, não conseguia ejacular. Elas não entendiam, me chamavam de gay ou achavam que não estava sentindo tesão. Demorei anos para conseguir, até encontrar uma companheira que compreendeu o meu trauma e me ajudou a superá-lo”, disse Marcelo.

Tratamento é necessário

Amanda e Marcelo, vítimas da pedofilia, não buscaram tratamentos médicos por falta de orientação ou compreensão dos familiares e por medo. Mas, tanto a criança quanto o pedófilo podem e devem ser tratados em longo prazo. E isso só acontecerá quando seu comportamento gerar conflitos com o parceiro sexual ou com a sociedade.

Para esclarecer mais sobre o assunto, a equipe de reportagem da revista “Família In Foco” conversou com a psicóloga e psicoterapeuta, Olga Tessari.

Direitos autorais das respostas: ©Olga Tessari

Família In Foco: Como a psicologia define a pedofilia?
Dra. Olga Tessari: Para a psicologia, pedofilia é uma pessoa adulta sentir atração sexual por uma criança impúbere, que ainda não têm a parte sexual desenvolvida. Anjinhos, seres sem maldade, sem pecados, vamos dizer assim. É assim que o pedófilo vê as crianças.

Família In Foco: Existem casos de pedofilia com e sem o ato sexual em si. Podemos afirmar que a partir do momento que ele sente a atração e o desejo já é considerada pedofilia ou precisa ter o ato sexual?
Dra. Olga Tessari:
Sentir atração é algo da natureza humana. A pessoa pode sentir atração por qualquer coisa: há pessoas, por exemplo, que fazem sexo com animais, têm atração por esse tipo de sexo. Mas sentir atração é bem diferente de não ter controle sobre o seu desejo, são coisas completamente distintas.

Então, o pedófilo é aquela pessoa adulta que sente a atração por crianças ou adolescentes, e que não consegue controlar o seu desejo de jeito nenhum.

O fato dele não conseguir consumar os seus atos, não quer dizer que ele tenha controle sobre o seu desejo porque, mais cedo ou mais tarde ele dará um jeito de satisfazê-lo, seja indo atrás da criança para olhar através da fechadura ou criar situações para que ela fique nua na frente dele, de forma que ele tenha o prazer de se masturbar na frente dela ou manter um ato sexual.

Enfim, a pedofilia está relacionada ao fato de sentir desejo e de tentar consumá-lo diante de crianças ou adolescentes, sem o consentimento deles. É uma violência!

Família In Foco: Alguns profissionais dizem que a pedofilia é o simples fato de sentir atração e se relacionar com pessoas que sejam no mínimo cinco anos mais novas, mesmo sendo adultas. É verdade?
Dra. Olga Tessari:
Não necessariamente. Adultos que se relacionam de livre e espontânea vontade, onde nenhum dos dois forçou a barra ou não criou uma série de mecanismos pra seduzir o outro contra a vontade dele, quando os dois têm interesse efetivo em manter uma relação sexual, isso não é pedofilia.

Não é porque há uma diferença de idade que é pedofilia, pelo contrário, são pessoas adultas que tem toda a parte sexual desenvolvida e o livre arbítrio para decidirem o que querem fazer com o seu corpo.

Família In Foco: A partir de qual idade é considerada pedofilia?
Dra. Olga Tessari:
Depende muito de como a criança é criada. Temos meninas de 18 anos que se comportam como crianças de 10, 12 anos. Assim como há mulheres de 18 anos que já se tornaram adultas. Então, depende muito da educação a que ela foi submetida, da própria preparação dos pais dela para a sua vida adulta. Por isso, não é possível determinar uma idade específica, mas é imprescindível analisar caso a caso.

Família In Foco: A pedofilia acontece geralmente em casa?
Dra. Olga Tessari:
Muitas vezes sim. Em geral são padrastos ou parentes próximos que se sentem atraídos pela criança ou pela pré-adolescente. Eles abusam da garota e, para isso, fazem chantagens de todos os tipos para poderem consumar o seu desejo. Ela se sente acuada e acaba permanecendo imóvel diante do abusador. Isso não quer dizer que ela concorda, mas que ela teme as consequências se o abuso não acontecer.

Família In Foco: Então acontece mais com padrasto do que com o próprio pai?
Dra. Olga Tessari:
Sim, porque uma família comum, onde existe amor entre pai e mãe, certamente existe o amor pelos seus filhos. Dessa forma, o pai não consegue enxergar a filha como uma mulher, é uma relação assexuada, em harmonia, embora existam casos de pais abusadores. Mas como a pedofilia é uma doença, ela pode acometer qualquer homem.

Porém, muitas vezes, há casais que se unem por outros interesses, como status social, por exemplo ou mulheres que geram filhos só pra manterem o casamento: daí não existe a harmonia, não há diálogo com os filhos, nem orientação.

Alguns pedófilos dizem assim: “a situação estava lá, a menina estava seminua, numa posição sensual, me deu tesão”. É uma pessoa que não sabe controlar os seus desejos. Em geral, uma pessoa com cultura e com um conhecimento maior sobre as regras sociais, controla melhor o seu desejo, sabe o que é certo e o que é errado, além de respeitar o outro.

Família In Foco: Como a criança é seduzida ou forçada a realizar os desejos dos pedófilos? Quais artimanhas eles usam?
Dra. Olga Tessari:
O pedófilo, por ser um adulto, sabe manipular bem uma criança para atingir seus objetivos e age com uma criança que não tem toda essa malícia e conhecimento. A criança se deixa envolver, se deixa seduzir e às vezes até por conta da promessa de dinheiro, de um presente, de uma série de coisas que a interessem. Mas, em muitos casos, o pedófilo faz ameaças para que a criança não relate o que está acontecendo para ninguém, colocando medos nela e ameaçando-a caso ela conte algo para alguém.

Família In Foco: Existem vários perfis de pedófilos? A pessoa nasce com esse instinto ou desenvolve com o tempo?
Dra. Olga Tessari:
Em geral são homens solteiros, sem relacionamento sério com uma mulher e que tiveram uma educação que promoveu uma baixa estima. Eles não se veem conquistando uma mulher adulta. Querem ter a sensação de poder.

Com isso, buscam mulheres de menor idade, meninas que sejam mais fáceis de serem manipuladas, diferentemente de uma mulher que (na imaginação dele) vai rejeitá-lo, dizendo não quero, não estou afim.

Também existem os homens casados, pessoas que não tem controle sobre os seus desejos, que tem a necessidade de aliviar o seu desejo, custe o que custar. São pessoas focadas em sexo, que praticamente só veem prazer nisso e que agem como animais, deixando-se levar pelo seu desejo instintivo animal, não medindo as consequências, pouco se importando com a vítima de seu assédio.

Família In Foco: Podemos afirmar que a maioria dos casos de pedofilia parte dos homens?
Dra. Olga Tessari:
É difícil fazer esta afirmação, porque não há dados precisos a respeito disso, não tenho conhecimento de uma pesquisa fidedigna que comprove o número de mulheres pedófilas. O que se tem é o conhecimento da ação de homens.

Nós não sabemos a quantidade de mulheres pedófilas que existem, porque provavelmente, elas agem de forma a ocultar melhor esse comportamento. Talvez, por manipularem melhor esses meninos ou atuarem de uma maneira que não haja provas que as incriminem.

A mulher oculta mais a sua sexualidade, ela toma mais cuidado, devido à repressão da sociedade. No caso dos homens a pedofilia é muito mais comum, até porque a sua sexualidade é mais “aceitável” socialmente.

É comum ouvirmos homens relatarem que não conseguiram conter o seu desejo sexual por outra mulher de sua idade e a “ataca”. Imagine então com uma criança que é mais facilmente manipulável!

Família In Foco: Qual a diferença de uma pessoa normal para a pedófila?
Dra. Olga Tessari:
A pessoa considerada normal pode até sentir uma atração e ter o desejo sexual por uma criança, mas ela vai agir de todas as formas para conter o seu desejo sexual e jamais o demonstrará.

O pedófilo é aquele que não consegue conter o seu desejo, que vai dar um jeito de pegar essa criança e fazer sexo com ela ou satisfazer as suas fantasias sexuais. Na verdade, as pessoas pedófilas não são consideradas normais de acordo com as regras e normas da nossa sociedade atual.

O que é normal é você manter uma relação sexual com uma pessoa que tenha a parte sexual plenamente desenvolvida, que seja tão adulta quanto você e que consinta de livre e espontânea vontade participar do ato sexual ou de fantasias com o outro. Sentir atração por crianças não é algo considerado normal e nem natural em nossa sociedade e é até considerada uma doença.

Família In Foco: Como é possível identificar um pedófilo?
Dra. Olga Tessari:
É difícil detectar. O pedófilo pode ser seu melhor amigo, uma pessoa maravilhosa, de boa convivência. Ele vai manifestar a pedofilia num ambiente onde ninguém tenha conhecimento disso, justamente por saber que é algo condenável, porque é proibido, por ser um ato ilícito.

O que pode acontecer com o passar do tempo, é ele relaxar e baixar a guarda, por ele se sentir seguro de que consegue cometer o abuso sem ninguém perceber. Sem querer, alguém pode descobri-lo com algumas fotos da internet ou criando situações para ficar sozinho com a criança, por exemplo.

Enfim, em algum momento, ele vai deixar alguma pista, só que depois de muito tempo em que ele já pratica o ato de pedofilia. Mas também é possível identificar um pedófilo através da mudança do comportamento da criança envolvida: ela evita ficar sozinha com ele, chora, fica agressiva ou se revolta quando é forçada a ficar na presença dele ou evita qualquer tipo de contato com ele na frente de outras pessoas.

Família In Foco: Hoje vemos meninas maquiadas, vestidas como mulheres. Isso pode ser um atrativo para os pedófilos? Existe influência da mídia?
Dra. Olga Tessari:
As crianças seguem o modismo porque é da natureza infantil imitar, é legal fazer o que a moça da televisão faz. Quando a criança rebola, ela não o faz por maldade e não tem a malícia da mulher adulta que está na televisão rebolando numa pose sensual para estimular a sexualidade do homem. A criança não percebe toda essa sensualidade até porque ela ainda nem sabe o que é isso. Ela considera que faz uma coisa engraçada, diferente, e a encara como uma brincadeira.

O problema está no adulto que vê a criança rebolando! Ele vê a dança dela como algo sensual e sedutor. Daí ele imagina: a criança está me seduzindo, me estimulando, ou seja, fazendo com que eu sinta um desejo por ela. A malícia está no adulto, não na criança! Volto a repetir que a criança imita o adulto e isso faz parte do seu desenvolvimento. Mas é o adulto que deve saber conter o seu desejo e satisfazê-lo com outra pessoa tão adulta quanto ele. Enfim, a culpa não é da mídia, mas dos pedófilos que não sabem conter o seu desejo!

Família In Foco: As mães devem evitar o uso de roupas consideradas impróprias para a idade? Devem reprimir quando tem uma atitude sensual, como a dança falada anteriormente?
Dra. Olga Tessari:
Não pode proibir, porque tudo que é proibido é mais gostoso, como diz o ditado popular. O ideal é não estimular. A criança quer dançar? Deixe-a dançar, mas não reforce esse comportamento dela com palmas e elogios. Quanto mais você reforçar esse comportamento, mais ela vai repeti-lo! Quando você demonstra não se importar muito, chega um momento em que a criança se cansa e vai procurar outra atividade para fazer.

Família In Foco: Como a mãe pode ter a percepção de que a criança está sendo abusada?
Dra. Olga Tessari:
A criança saudável e feliz sente prazer em ficar sozinha com o pai, com a mãe, pois gosta de ter atenção exclusiva. Mas, a criança que foi violentada ou que teve que se submeter a um adulto que passou a mão na perna dela ou que a olha com um ar sensual, sempre evita ficar sozinha com essa pessoa, reclama e chora quando a mãe diz que ela vai ficar com essa pessoa enquanto a mãe vai trabalhar ou fazer compras, por exemplo.

Vamos imaginar a seguinte situação: a mãe, a filha e o padrasto (ou o pai) estão em casa. A mãe diz que vai ao supermercado e a menina fica tensa, percebe que vai ficar sozinha com o homem na casa. Então, ela diz para a mãe que quer ir junto com ela ao mercado. Se a mãe perceber que a menina está evitando a situação de ficar sozinha com ele em casa, então ela pode considerar que existe alguma coisa errada na relação dela com o pai ou padrasto.

O fato da mãe achar que tem algo errado não quer dizer necessariamente que haja um abuso! O pais sozinho com ela pode ser mais agressivo do que quando está na presença da mãe, pode ficar distante e até reclamar de ter que cuidar da criança. Enfim, pode haver outros motivos também. Então, a mãe deve ficar mais atenta e observar melhor como a menina se comporta com o pai ou padrasto no dia a dia.

Família In Foco: Qual a importância da orientação sexual para a formação de uma criança e adolescente. As escolas podem auxiliar?
Dra. Olga Tessari:
Seria ótimo se as escolas tivessem aulas de orientação sexual. O maior problema são os pais, porque muitos deles têm preconceito em relação a isso, e não sabem lidar muito bem com a própria sexualidade.

Eles até conversam sobre tudo com os filhos, mas falham em relação à questão sexual. Contam às crianças aquelas historinhas de que o papai colocou uma sementinha na mamãe, sendo que a criança já ouviu ou pesquisou na internet ou viu na televisão que não é bem assim que acontece. Dessa forma, a criança terá informações deturpadas lá fora de casa, quando ela deveria ser educada dentro de casa, com as informações corretas. Então, já que a família não faz isso, seria muito bom que a escola assumisse esse papel com a anuência dos pais.

Família In Foco: A partir de qual idade deve começar a orientação sexual?
Dra. Olga Tessari:
O ideal é que se faça essa orientação antes das crianças atingirem a puberdade, o que permitirá que elas saibam lidar melhor com a sua sexualidade. Muitos pais consideram que falar sobre sexo numa idade anterior à puberdade pode despertar o interesse da criança em fazer sexo.

Mas, pelo contrário, as pesquisas mostram que, quanto mais cedo os pais orientarem o seu filho, melhor. E isso não é um fator que leva essas crianças a praticarem sexo mais cedo. A criança não orientada cresce sem malícia e ingênua. Qualquer coisa que falarem para ela lá fora, ela vai acreditar porque a mãe não falou nada. Dessa forma ela acredita naquilo que ouve fora de casa e pode crescer com conceitos muito equivocados a respeito da sexualidade.

Família In Foco: O que leva a criança a não compartilhar a situação com a família? E quando a faz, porque não acreditam?
Dra. Olga Tessari:
A criança sente medo de revelar porque a pessoa adulta de alguma forma a ameaça. E a criança, em algum momento da sua vida, já deve ter passado por outras situações simples em que ela contou algo para os seus pais e eles não acreditaram nela. Então, por tudo isso, ela se cala.

Eu mesma conheço casos onde o padrasto molestou a menina e ela contou pra mãe, que não acreditou na filha. E tudo por conta do receio de perder o marido, por medo de perder a situação econômica que tinha com ele, porque ela vinha de uma família muito pobre.

Muitas vezes a mãe suporta aquela situação por uma questão de conforto ou de necessidade mesmo. Ela não leva em consideração a própria saúde emocional da filha, considerando que um dia isso vai passar. Mas o trauma na criança pode permanecer pra sempre se ela não for buscar um tratamento adequado para superar o trauma!

Família In Foco: Qual o tratamento ideal para a vítima?
Dra. Olga Tessari:
Quem é vítima da pedofilia precisa de tratamento psicológico para superar esse trauma e ter uma vida feliz. A criança é forçada a fazer o que ela não quer, é pressionada e chantageada. Ela percebe até no próprio olhar do adulto que está fazendo alguma coisa errada, sente-se impotente diante daquela situação.

Tudo isso gera nela uma baixa autoestima ou um comportamento que, a longo prazo, pode levar à depressão, à timidez, ao isolamento, à síndrome do pânico, entre outros transtornos, porque ela começa a ter um comportamento de esquivar-se de tudo que possa estar relacionado a sexo.

Associa em sua mente que não só aquele adulto, mas muitos outros também podem fazer a mesma coisa com ela. Então ela evita ficar em ambientes que haja adultos, perde a confiança neles. E, por fim, ela associa o sexo a uma coisa muito ruim, que deve ser evitada a todo custo.

Família In Foco: Pedofilia é um transtorno?
Dra. Olga Tessari:
Sim porque, como vivemos em sociedade, nós temos algumas regras a cumprir. Na sociedade ocidental e cristã como a nossa, a regra é fazer sexo entre adultos. Crianças são anjinhos, você não pode tocar. A partir do momento que uma pessoa transgride essa regra, isso significa que ela não consegue se adaptar às regras sociais. Ela é uma pessoa com transtorno, pois não contém seus impulsos e precisa ser tratada.

Digamos, guardadas as proporções, é como se fosse um psicopata, que faz o que quiser sem levar em consideração o que é o certo ou o errado, que mata, rouba, enfim, faz aquilo que vem na sua cabeça, sem ter controle algum sobre si. Para viver em sociedade, você precisa ter controle sobre os seus impulsos.

Família In Foco: O pedófilo tem cura?
Dra. Olga Tessari:
Tem. É um tratamento rigoroso, de longo prazo, com psicólogo e psiquiatra. Se essa pessoa estiver disposta a se submeter ao tratamento do começo ao fim, o resultado é positivo.

Família In Foco: Com a Internet aumentou o número de pornografia infantil?
Dra. Olga Tessari:
Não. A pornografia infantil sempre existiu. O que nós temos hoje é um acesso mais fácil por conta dessa nova ferramenta, o que também torna mais fácil de identificar os pedófilos. Antes eles eram mais ocultos, ou seja, pessoas solitárias que davam vazão ao seu desejo e ficava por aquilo mesmo, sem consequências porque não havia denúncia.

Com o advento da Internet, os pedófilos podem trocar informações entre si, há pessoas que vivem às custas do pedófilo, que fazem uma séries de vídeos, vendem e ganham muito dinheiro com isso, pelo próprio interesse do pedófilo. Ou seja: há mais exposição, levando à impressão de que há mais pedófilos do que antes. O que temos, hoje em dia, são mais denúncias que levam a encontrar mais facilmente os pedófilos!

Família In Foco: Você aconselha os pais a instalarem programas que proíbam o acesso a conteúdos inadequados na internet?
Dra. Olga Tessari:
É necessário que os pais instalem esses programas, quando têm crianças em casa. A internet tem muita coisa boa, mas também expõe o sexo de maneira equivocada. Possui vídeos sadomasoquistas, de mulheres que se comportam como objetos sexuais. Ter acesso a estes conteúdos é ensinar de forma errada ao seu filho o que é a sexualidade, além de permitir que a criança seja assediada por pedófilos! É fundamental que os pais ensinem seus filhos a não conversarem com estranhos na internet e contarem aos pais sempre que um estranho quiser ser seu amigo virtual.

Família In Foco: Qual a mensagem que você gostaria de deixar para os nossos leitores, os pais?
Dra. Olga Tessari:
O mais importante é orientar seus filhos desde pequenos. Os pais devem educar seus filhos de forma que eles não caiam nas conversas dos adultos, que não conversem com estranhos e que sempre mantenham um bom diálogo com os pais sobre tudo, inclusive sexo.

Deve-se falar da sexualidade como algo normal, natural e saudável. De preferência antes da puberdade, não banalizando o sexo, como é feito ultimamente. Quanto mais cedo os pais satisfizerem as curiosidades sexuais de seus filhos, muito melhor é porque, ao evitar de sanar as dúvidas das crianças, certamente elas buscarão as respostas em outros locais, bem longe dos olhos dos pais. Lembrar que crianças sempre são muito curiosas, pois elas estão aprendendo a conhecer o mundo e cabe aos pais mostrar a elas como é esse mundo em todos os seus aspectos.

Matéria publicada na Revista Família In Foco por Elisa Limbeck

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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais

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