Mães super protetoras

Mães super protetoras

Mães super protetoras

Proteção sim, mas sem exageros

Entrevista com Olga Tessari

É normal que toda mãe queira cuidar bem de seu filho, mas preste atenção para não ir longe demais e comprometer o desenvolvimento do pequeno.

Faz parte do instinto materno querer proteger o filho. Como o bebê humano é a espécie mais dependente que existe na natureza, a proteção dos pais, principalmente da mãe, é fundamental para o bom desenvolvimento da criança.

Mães super protetoras

Há Mães que entendem o significado da palavra proteção de uma forma um tanto exagerada. Elas chegam a ser verdadeiras guardiãs de seus rebentos e ficam de plantão o tempo todo para que nenhuma ameaça se aproxime daquele ser tão indefeso que tem em casa.

Com a intenção de fazer o melhor para o filho, acabam exercendo o papel de super protetoras e não se dão conta de que este comportamento pode ser prejudicial para o pequeno.

“É importante que as crianças convivam com outras pessoas tanto do ponto de vista social, para que saibam lidar com o mundo, como físico para fortalecer o sistema imunológico, deixando que o organismo crie defesas e adquira resistências”, explica Marco Aurélio Sáfadi, coordenador da Emergência Pediátrica do Hospital São Luís, de São Paulo.

De acordo com Enio Roberto de Andrade, diretor do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital das Clinicas de São Paulo, a criança tem de experimentar coisas novas a todo momento .

Para isso, a mãe precisa deixá-la correr, cair, errar e sofrer. “São aprendizados necessários para ela saber fazer escolhas. Se a mãe não dá chance para o filho fazer descobertas, está gerando insegurança” , afirma Enio.

O cuidado necessário

A psicanalista Gislene Jardim, do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo, explica que o modo como a mãe desempenha seu papel diante do bebê serve como modelo para a criança se relacionar. ”É assim que ele cria progressivamente suas próprias condições de se defender dos perigos do mundo”, diz.

O comportamento materno de proteção ao bebê é normal e esperado

Especialistas recomendam manter cuidados principalmente no primeiros 6 meses de vida. É importante lavar as mãos antes de pegar no recém-nascido, manter o ambiente limpo, esterilizar chupetas e mamadeiras e seguir o calendário de vacinas. Os cuidados são necessários, mas sem exagero.

Mas à medida em que ele constrói suas próprias possibilidades de se proteger, passa a demonstrar do que é capaz e o que ainda não pode fazer sozinho. Por exemplo, aprende a balbuciar reclamando de fome, a engatinhar em busca de um brinquedo ou a tirar a blusa quando está com calor.

“Se estão atentos às pequenas conquistas do filho, os pais reconhecerão que não precisam e nem devem interferirem cada um dos seus passos” , completa Gislene.

Exagero inconsciente

É lógico que o bebê precisa sempre de um adulto por perto para atender às sua necessidades. Muitas mães, no entanto, usam esse pensamento como justificativa para não desgrudar da criança, principalmente nos primeiros meses.

Era o que fazia a arquiteta Vânia Valéria Gomes dos Santos, 44 anos, quando o filho Vinícius nasceu. “Na primeira semana eu não deixava nem meu marido pegá-lo no colo. Ele dizia que também tinha direito de ficar com o filho, que estava me excedendo, mas eu não percebia”, relata.

Toda vez que uma visita queria segurar o bebê, dava uma desculpa. Quando não tinha jeito , ficava de prontidão. Com um ano o garoto ensaiava os primeiros passos e vivia levando seus tombos. Foi aí que ela decidiu enrolar uma faixa na cabeça do pequeno para protegê-lo.

Hoje, Vânia acredita que seu instinto fazia com que adotasse atitudes exageradas inconscientemente. Mas ainda não relaxou de vez, mesmo Vinícius já tendo 3 anos. “Subo a escada dando a mão para ele e só o deixo em lugares limpos”, diz.

Segundo a psicóloga Olga Tessari, de São Paulo, as mães super protetoras agem de forma impulsiva. Mesmo que outras pessoas mostrem a elas que o comportamento é exagerado, a maioria não percebe. Ainda há aquelas que sabem que estão fora do limite, mas não conseguem evitar.

”Ter consciência não significa mudança de comportamento, pois elas relutam em alterar sua conduta”, completa Olga Tessari.

Proteção declarada

A publicitária Daniela Ribeiro, de 27 anos, é uma mãe superprotetora declarada. Ela lembra que quando a filha Bianca tinha um mês, só acordava para mamar uma vez por noite. Ela porém, verificava de hora em hora se a menina estava respirando. Eram as visitas, contudo, as piores ameaças ao seu sossego.

Quando havia crianças no grupo, certificava-se de que nenhuma estava doente. Na hora de servir algo, pedia para o marido fazê-lo, assim não teria que sair do lado da filha. “ Meu marido falava para eu me desligar um pouco, mas eu não conseguia”, diz.

Daniela conta que melhorou muito à medida que Bianca foi crescendo.

“Ela foi me passando confiança e eu consegui me soltar. Sei que meu comportamento não a deixou insegura, mas sim cuidadosa”, afirma. Porém ela ainda tem como desafio deixar a menina com outras pessoas que não seja sua mãe, a avó. “Quando Bianca entrar na escola, eu é que vou precisar de um período de adaptação” brinca Daniela.

A psicóloga Ana Maria Massa, coordenadora do Centro de Referência da Infância e da Adolescência da Unifesp, diz que mulheres com essa característica precisam deixar de lado seus medos e conflitos e dar espaço para a criança enfrentar obstáculos. Caso contrário, crescerão vulmeráveis.

O segundo filho é diferente

Geralmente, as mães de primeira viagem são as que exageram na dose.

Quando chega o segundo filho, estas mesmas mulheres abandonam os excessos. “A experiência que esta mãe tem garante uma certa segurança. Além disso, ela tem que se dividir entre dois filhos”, diz Silvia Gasparian Colello, professora de psicologia da educação da Universidade de São Paulo.

A administradora Mônica Bardella Garcia, de 35 anos, confirma. Ela conta que quando a primeira filha Giullia nasceu, fazia de tudo para estar por perto. “Eu ficava incomodada em receber visitas, tinha medo que outras pessoas a pegassem errado ou que se contaminasse com doenças”, diz.

O que ela aprendeu com o primeiro filho fez com que ficasse mais tranquila para cuidar de Isabela, de um mês. Hoje, lida bem com as visitas e até deixa a irmã mais velha segurar a caçula no colo. “Me sinto mais segura e confiante. Já saí para fazer a unha e ir ao supermercado e a deixei com a babá. Com a Giullia eu não saía para nada”, diz.

Nada como a experiência para mostrar que tudo na medida é melhor.

Relaxe um pouco

Veja as dicas dos especialistas para que as mães super protetoras possam mudar de atitude:

  • Deixe de lado a pretensão de ser a melhor mãe do mundo. Isso não existe e o que conta é o bem-estar do bebê.
  • Considere-se alguém fundamental na vida de seu filho, mas, gradativamente, permita que ele escolha seus caminhos.
  • Permita que a criança se manifeste de modo diferente do seu. Isso o ajudará a fortalecer a autonomia e a capacidade de resolver conflitos.
  • Aprenda a conhecer seu filho e a dialogar com ele.
  • Faça prevalecer o bom senso toda vez que estiver cuidando dele.

Matéria publicada na Revista Meu nenê – Ano 8 – nº 91 por Karina Fusco

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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais

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