Pais separados

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As separações conjugais levam muitos pais a terem reduzido o seu tempo de permanência com os filhos. Como superar com o menor trauma possível esta realidade?

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Entrevista com Olga Tessari

Pais separados

Os homens contemporâneos estão tentando redefinir sua identidade em sendo pais separados.

Nessa busca, aqueles que são pais separados tentam ansiosamente desempenhar um novo papel junto à sociedade e aos filhos. A situação fica ainda mais complicada quando o casal vive separado e os encontros familiares acontecem em horários restritos, definidos pela fria justiça.

Mas muitos pais separados tem conseguido manter uma relação saudável com os filhos, mesmo sem conviver com eles. O tema é complexo e não há receita pronta para o sucesso.

A separação do casal pode ser um problema para os filhos

É verdade que a ordem natural do casamento, quando subvertida, sempre acarreta problemas aos filhos, pois é a visão que as crianças tem sobre o amor conjugal que define a capacidade delas de amar. Mas muitos casais acreditam que, para o desenvolvimento das crianças, um casamento ruim pode ser pior do que a ausência física do pai- diz a psicóloga Olga Tessari.

Foi essa a conclusão a que chegou o engenheiro Gilberto Páscoa Júnior, 44 anos, pai de Lara Macedo Pascon, de 9 anos. O casamento de Gilberto ia muito mal quando ele optou pela separação, antes mesmo de Lara completar 6 anos.

Hoje, passados três anos, a menina é alegre e comunicativa e, embora não veja o pai todos os dias (ele mora em São Paulo e ela em Piracicaba, distante 240 km), mantém com ele uma relação afetiva sólida, capaz de se manifestar em permanentes declarações de amor.

Demonstrar o amor aos filhos é essencial

Demonstração de amor é a primeira receita, se é que existem receitas, diante de uma separação conjugal- diz a psicóloga. Ela lembra que o final de um casamento sempre faz as crianças se sentirem menos amadas. Mas esse sentimento pode ser minimizado se a relação da criança com seus pais, mesmo antes da separação, era boa.

O problema se agrava quando as mulheres concebem um filho na tentativa de preservar um casamento ou quando, inseguras com a ausência do ex-marido, passam a jogar as crianças contra o pai.

Formas de vingança

Não se trata de transformar os homens em vítimas, mas Olga Tessari lembra que, apesar das conquistas femininas das últimas décadas, a tendência da maioria quase absoluta das mulheres, diante de uma separação, é jogar os filhos contra o pai, seja por mágoa, por insegurança, ou por frustração do casamento ter chegado ao fim.

O pai representa, simbolicamente, a lei, aquele que impõe limites. Essa função paterna de proibir pode frustrar, mas é exercida para o benefício de toda a família. A criança aprende a ouvir o não, conhece limites. Desautorizar o pai é a mais agressiva forma de vingança de uma mulher contra o ex-marido e a mais prejudicial postura contra seus filhos alerta a psicóloga.

Como os homens como pais separados devem reagir diante de uma situação como essa?

O papel do pai

Gilberto Pascon Júnior concluiu que a melhor estratégia é não reagir. Diante de uma recente ação judicial da ex-mulher para reduzir o número de visitas dele para a filha, o engenheiro optou por não recorrer.

“Percebi que situações como essas estressavam muito Lara. Perdi algumas horas da disponibilidade de convívio com ela, mas procuro compensar esse tempo com qualidade de relacionamento. Aproveito ao máximo, com bom humor e prazer, todos os minutos que estou com minha filha, diz Gilberto.

Desistir de recorrer pode não ser a melhor escolha, mas pior seria insistir na desavença. Para o bem dos filhos, os pais devem tentar manter uma relação cordial e ser concordantes em atitudes.

Como o pai representa a autoridade, nesses casos as crianças quase que inevitavelmente ficam sem limites, o que é muito ruim, diz Olga Tessari.

Olga destaca uma agravante: a dificuldade do homem em colocar limites no comportamento dos filhos por se sentir culpado pela separação. As crianças entendem facilmente tudo que lhes é explicado de forma clara e sincera.

O homem, que em geral é quem sai de casa, deve explicar aos filhos que o final do casamento não diminui o seu amor por eles- aconselha a psicóloga.

Desafio Diário

Ser pai distante e demonstrar afetividade é difícil para o homem.

A educação tradicional, até tempos recentes, reprimia manifestações masculinas de emoção, e os homens contemporâneos têm pago um preço muito alto por isso: enfartes, úlceras, gastrites, depressão. A contrapartida é verdadeira.

Só aceitando o filho com suas qualidades e imperfeições que esse pai será capaz de ajudá-lo a se perceber como pessoa e a se sentir amado pelo que é. A projeção nos filhos de sonhos frustrados cria um peso enorme para a criança ou adolescente.

A função do pai é a de possibilitar ao filho seguir seu caminho. Só assim essa criança será capaz de buscar os próprios ideais. É a autonomia que constrói a sua identidade.

A angústia diminui quando os homens interagem com seus filhos, conversam, trocam ideias, aprendem com eles, orientam e, às vezes, proíbem. Em suma, fornecem referenciais.

O desafio é diário- observa o empresário Roberto Bruzadin, 60 anos, pai de Roberta El Hage Bruzadin, de 17 anos. Separado da mãe da adolescente há 10 anos, Roberto diz que procura escutar a filha e sustentar argumentos quando não concorda com eles.

“Não tenho respostas para tudo, até porque acho que minha filha precisa aprender a resolver sozinha alguns problemas, a encontrar soluções criativas. Ela é quase autossuficiente e procuro nunca ser autoritário- diz Roberto.

A questão do autoritarismo se manifesta em famílias coesas ou separadas. É tão comum pais solitários serem permissivos quanto se esconderem por trás do autoritarismo. Essas são, em geral, manifestações do medo de que os filhos, ao se tornarem adultos, questionem situações mal resolvidas e revivam momentos que esse pai quer esquecer.

Isso é, sem dúvida, o maior dos erros.

Matéria publicada na Revista Família Cristã em agosto/2001 por Nilza Bellini

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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais

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