Solidão – lado bom e ruim

Solidão - lado bom e ruim

Solidão – lado bom e ruim

A solidão possui dois lados

Entrevista com Dra Olga Tessari

A solidão possui dois lados em uma mesma moeda: de uma forma a pessoa se sente abandonada por não ter amigos ou uma companhia mais próxima, em outra ela pode ser por própria opção da pessoa, que se sente bem em ficar sozinha, pois sente-se livre.

Em entrevista realizada por e-mail, a psicóloga e psicoterapeuta Olga Tessari fala sobre as pessoas que, pelos acontecimentos da vida, escolhem ficar sozinhas, aproveitando os momentos de solidão como uma chance a si próprias e procura entender o que leva jovens a ficarem reclusos em suas casas, solitários.

*as respostas de Olga Tessari estão registradas de acordo com a Lei de Direitos Autorais

Site do Padre Marcelo Rossi – Em que a solidão pode colaborar ou atrapalhar na vida de uma pessoa?

Olga Tessari: Isso vai depender de vários fatores. Vamos imaginar que a pessoa tem um problema. A solidão ajuda, quando ela precisa de um tempo para ficar consigo mesma refletindo acerca deste problema ou atrapalha quando a pessoa não quer pensar nele ou quer fugir dele. Outro ponto positivo da solidão é em relação à liberdade e independência. Certamente, nada melhor do que viver sozinho!

Mas tudo vai depender de como cada pessoa encara a solidão!

Site Pe. Marcelo – Há muitos que buscam morar sozinhos, sua independência, etc. Porque uma pessoa opta por viver solitária?

Olga Tessari: A pessoa opta por morar sozinha, provavelmente, porque se sente pressionada no ambiente em que vive. Um exemplo é o de jovens que se sentem reprimidos pelos seus pais, por não poderem fazer tudo o que desejam, por terem que respeitar limites e regras dentro da casa e não concordar com elas.

Na verdade, ninguém opta por viver solitário, afinal, somos seres sociais, mas busca-se a solidão quando o convívio social não propicia satisfação, alegria ou bem-estar.

Site Pe. Marcelo – Existe algum prejuízo a pessoa que costuma viver solitária, sem uma vida social ativa, sem muitos amigos, etc., em relação a uma pessoa que tem tudo isso?

Olga Tessari: O ser humano é, essencialmente, um ser social que gosta de viver e de conviver com pessoas e grupos. Quando ele se afasta do convívio social, por sua livre e espontânea vontade, certamente existe algum problema em relação a estes grupos ou a pessoa está passando por algum problema e não quer que seus grupos tenham conhecimento do mesmo.

Site Pe. Marcelo – O sentimento de solidão pode ser despertado em uma pessoa que é excluída socialmente?

Olga Tessari: É claro que se ela é excluída socialmente, acaba se sentindo solitária e sofre com isso, pois, como eu disse acima, o ser humano é um ser social que necessita se sentir um membro participante de grupos.

Exatamente porque a sociedade a exclui, ela sofre e muito justamente porque não optou pela solidão. Nesse sentido, a solidão é vista por ela como algo ruim.

Site Pe. Marcelo – Às vezes uma decepção amorosa contribui para a pessoa se afastar do mundo. Porque isso ocorre? O que pode ser feito para mudar essa situação?

Olga Tessari: Quando sofremos uma decepção amorosa, na verdade, sofremos pela perda da pessoa amada e de tudo aquilo de bom que vivenciamos com ela. Este é um momento de muita dor e é necessário permitir-se viver esta dor.

É comum as pessoas se afastarem do convívio social até porque toda perda e desilusão trazem consigo um luto e é preciso permitir-se viver este luto para depois recomeçar a viver.

Antigamente, as pessoas que perdiam alguém querido, isolavam-se do convívio social, vestiam-se com roupas de cor preta para comunicar às outras pessoas que respeitassem a sua perda e ficavam em casa, chorando a sua perda, até que, devagarzinho, passado algum tempo, voltavam à normalidade.

Portanto, é normal, durante um curto período de tempo, a pessoa afastar-se do convívio social para chorar a sua dor, até porque as pessoas em volta não entendem este choro e agem no sentido de querer que a pessoa pare de chorar.

Costumo dizer que todos temos uma quota de lágrimas para vertermos quando sofremos uma perda: enquanto não choramos tudo aquilo que devemos chorar, não podemos voltar a viver normalmente.

Portanto, para evitar que a pessoa se afaste do convívio social diante de uma decepção amorosa, o melhor a fazer é enxugar as suas lágrimas e estar disposto a ouvir, pura e simplesmente, sem dar palpites, as lamentações da pessoa.

Esta é a melhor ajuda para a pessoa não se afastar do convívio social.

Site Pe. Marcelo – Há muitos adolescentes que se trancam em seus quartos e utilizam-se da internet para se comunicarem e extravasar suas frustrações. O que passa na cabeça desses jovens?

Olga Tessari: É na fase da adolescência que se inicia a construção da identidade do futuro adulto, portanto, todo adolescente passa por um período de isolamento do convívio familiar e de união com os seus pares, aqueles que ele considera como seus iguais, adolescentes como ele.

Este isolamento se faz necessário para que ele possa questionar melhor os valores da família e, através dele criar os seus próprios valores. O seu questionamento pode vir através da rebeldia e do isolamento e traz consigo o sofrimento de ter que deixar para trás a vida de criança para adentrar numa vida de responsabilidades, obrigações e deveres.

E com quem ele vai conversar sobre este sofrimento? Claro que é com seus pares, seus amigos, porque supõe que seus pais não o compreendem, não aceitam seus questionamentos e suas mudanças. E daí ele vai se isolar mais ainda dos familiares, seja fazendo uso da Internet (através de grupos de discussão, chats, redes sociais e de blogs), do telefone, do diário escrito, etc.

Site Pe. Marcelo – O que pode ser feito no tratamento psicológico para reverter isso?

Olga Tessari: O tratamento psicológico é fundamental para a pessoa que sofre com a solidão, porque ela fica irritada, de mau humor, perde oportunidades na vida e tem sua autoestima muito baixa.

Com o tratamento psicológico, a pessoa vai descobrir os fatores que a levam a este estado, de forma que ela possa aprender a lidar com eles e superá-los e, assim, poder elevar a sua autoestima e voltar ao convívio social. Afinal, somos seres sociais.

Gostamos de momentos solitários, mas preferimos conviver e estar com as pessoas na maior parte do tempo.

Matéria publicada no site do Padre Marcelo Rossi por Rodrigo Herrero em novembro/2004

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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais

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